9.9.11


Começamos o dia explorando os arredores do nosso hotel, que, para os nossos propósitos, fica bem localizado, pois chegamos a todas as atrações a pé (mais sobre o hotel, acesse aqui). A única exceção foi nesse dia, mas por um motivo muito nobre, como vocês verão mais à frente.

Como esse seria nosso último dia na Irlanda e eu não havia provado o famoso café da manhã irlandês, fomos em busca de um restaurante que servisse a iguaria. Achamos um a duas quadras do hotel, bem movimentado e com uma ótima aparência. Escolhi a opção “Full Irish Breakfast”, que é composto por ovos, bacon, linguiças, batatas, feijão e algo que mais parecia com uma fatia de chouriço. Ou seja, uma refeição bem leve para começar o dia!

No mesmo restaurante, fomos servidos por uma garçonete brasileira que já estava morando na Irlanda há três anos. É como eu sempre digo, somos um povo como as baratas, quando o mundo se acabar em bombas atômicas, vão restar as baratas e os brasileiros espalhados pelo mundo. 

Seguimos adiante e passeamos com mais calma pela O'Connell Street. Paramos para apreciar o belo prédio dos Correios. A maioria dos prédios originais da rua foram totalmente destruídos no Levante da Páscoa de 1916. E o General Post Office teve papel importante à época, quando em suas escadas foi lida a Proclamação da República Irlandesa.




No Post Office, havia uma estátua curiosa que descobrimos ser do mítico guerreiro irlandês Cúchulainn, em homenagem aos que lutaram no levante da Páscoa.



Quase no meio da rua O' Connell, há um espigão incrivelmente alto, com 120 metros de altura e que, a principio, não tem finalidade alguma. Trata-se do “Monument of Light” e é tudo o que sei.

A rua tem muitos prédios modernos, com lojas, cafés e restaurantes e, mais próximo à ponte, vimos a estátua em homenagem a Daniel O'Connell, que era conhecido como "O Libertador". Ele era capaz de juntar até um milhão de pessoas em eventos para a emancipação católica.



Seguimos pela margem do rio Liffey até o grandioso prédio do Custom House, que já serviu de alfândega e, agora, funciona como escritórios para o governo.





Na margem oposta, procuramos um ponto de ônibus que nos levasse à próxima atração do dia. E a mais esperada por mim desde que chegamos à capital da Irlanda: a fábrica da GUINNESS, a cerveja mais popular da Irlanda e famosa em todo o mundo.

Já ao descer na parada do ônibus, virei criança a caminho da Disney. Queria tirar fotos de tudo com a marca GUINNESS.










Dentro da GUINNESS Storehouse, pude ter noção do parque de diversões de adultos que eles montaram. Uma experiência que nos leva a conhecer a história completa, desde a seleção dos ingredientes, como a cevada, o levedo e a água. Tudo com explicações interativas.

A água vem de uma fonte própria e é um dos segredos dessa seleta cerveja stout.





Vários vídeos guiam e explicam o processo de fabricação.





Os ingredientes passam por um rigoroso processo de maturação e fermentação separados por diversos estágios.





Ao passar por toda essa parte e aprender tanto, já estava com a boca seca e ansioso para provar o resultado desse processo. E, antes que eu pudesse reclamar, chegamos à maravilhosa sala de prova, a GUINESS Taste Experience, onde aprendemos como tomar uma Guinness (tocar, ouvir, olhar, sentir e provar).





Primeiro, deve-se tocar o fundo do copo para saber se está na temperatura ideal. Então, escutamos o borbulhar da espuma, olhamos a coloração avermelhada, depois sentimos o odor para, finalmente, provar do néctar! Obviamente que só fiz isso no primeiro copo, do segundo (a Luciane não bebe, melhor pra mim!) em diante não! Acabei tomando três provas, mas como eles só enchem o copo até a metade, é como se fosse um copo e meio.

Depois dessa parada estratégica, continuamos a explorar a história da cervejaria no andar que conta como a Guinness era transportada em barris de madeira. A exibição tem um vídeo em preto e branco da época, mostrando como cada barril era feito manualmente. Muito interessante!





Vimos também os meios de transporte que foram feitos especificamente para a fábrica, como navios e trens, que levavam os barris pelos rasos canais de Dublin.





E, para finalizar o tour, chegamos ao último andar da fábrica, onde, em uma sala com vista de 360º da cidade, havia um bar que servia um pint para cada visitante saborear e aproveitar a vista.





Como a fábrica era um passeio para mim, para compensar tive que agradar a patroa, acompanhando-a ao Museu do Leprechaun. Sim, o bom e velho duende. Bom, apesar de hoje ser uma criatura imaginária e há muito desacreditada, por muito tempo, há centenas de anos atrás, a crença nesses seres não humanos era muito forte e presente na vida da sociedade.

O museu em si é bem bobinho, com um único destaque para a sala em que todos os móveis são enormes para nos fazer sentir pequeninos como os duendes. Mas, em algumas salas, uma guia do museu aparece para nos contar um pouquinho da história das Fairies (ou fadas). E foi muito interessante descobrir que a crença nelas era tão forte que afetava a sociedade e teve consequências curiosas e até questionáveis.





A lenda começa antes da existência da Irlanda, quando os humanos chegaram a essa terra e travaram uma batalha com as Fairies. Ao vencer a guerra, os humanos foram muito benevolentes ao permitir que os seres vivessem ali, sob a condição de que permanecessem debaixo da terra. Por isso, todos os poços d'água eram considerados portais para o mundo das Fadas e qualquer fenômeno misterioso ou acontecimento extraordinário que acontecia em casa, ou com as pessoas, era atribuído a elas. Acreditava-se que se alguma criança tinha algum dom fora do comum - como cantar bem -, provavelmente ela havia sido levada pelas fadas que ensinaram tudo. Se você não queria alguma coisa que era atribuído a elas, a solução era jogar dentro do poço. Daí, evoluiu para que se desse oferendas para que nada de ruim acontecesse. Acho que vem desse costume a origem de hoje se jogar moedas e fazer pedidos em fontes e poços d'água.





O pote de ouro no fim do arco-íris tem a mesma explicação que conhecemos. Os duendes, que são os sapateiros das fadas, escondem ali suas riquezas, dentre as coisas que eles subtraem da gente e, quando tentamos achar, ele some junto com o arco-íris.

Essa história de Fairies chegava a alguns extremos como, por exemplo, quando os bebês eram muito inquietos ou choravam muito sem dormir, logo diziam que haviam sido levados pela Fada e trocados por um bebê delas. E isso servia de desculpa para algumas mães “devolverem” os bebês, jogando-os no poço.

Outra boa história é com relação a árvores, pois algumas que nasciam e cresciam em lugares afastados e isoladas de qualquer outra logo eram denominadas como “a árvore da Fairy”. Por isso, seria de mau agouro mexer com uma delas. Tanto que, recentemente, quando o governo estava construindo estradas na Irlanda, uma dessas árvores estava no caminho e toda a comunidade local protestou quanto a sua derrubada. Mandaram cartas, falaram ao rádio e tudo mais, até que a construtora mudou os planos e construiu a estrada contornando a árvore (Igualzinho ao desenho do pica-pau!).

Ou seja, o museu em si é pequeno e pouco atraente, mas valeu para conhecer as lendas e descobrir que havia um enredo complexo e bem definido de papéis e explicações que não deixam nada a desejar para algumas religiões de hoje. Estranhamente, por razões que não entendi, o museu, apesar de seu nome, fala muito mais sobre fadas do que sobre duendes.

Farei um post de curiosidades para contar em mais detalhes tudo sobre as fadas e incluirei o link aqui.

Para encerrar o dia, procuramos por um pub tipicamente irlandês, com aquele show de dança e música em que os dançarinos pulam e sapateiam sem mexer os braços. 




Não havíamos reservado, porém chegamos bem cedo ao Arlington Pub, na região do Temple Bar. Não conseguimos uma mesa no salão do show, que daria direito ao show e ao jantar. Entretanto, pudemos nos sentar em uma das mesas próximas ao bar, onde não teríamos que pagar pelo show e, ainda assim, daria para vê-lo a poucos metros de distância, podendo comer e beber pelo menu normal. Descobrimos, no decorrer do show, que foi a melhor opção, pois, antes dos dançarinos, há uma dupla de músicos ao estilo comediantes interativos com o público, que foi absolutamente desnecessária. Como já estávamos horas esperando o show e já havíamos jantado, queríamos ver logo a dança e partir para o hotel. uma hora depois, subiram ao palco os dançarinos que fizeram uma performance turística e empolgante do estilo de dança deles.

Não recomendo ir com reserva e pagando pelo show. Acho que se fossemos a algum teatro ou casa de show maior, seria bem mais interessante. Mas esse esquema que fizemos valeu a pena e, como só pagamos pelo jantar e bebidas, o show foi um “plus adicional a mais”!

No dia seguinte, viajamos de ferryboat para o País de Gales, mas isso fica para o próximo post!

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