22.10.10

Nosso voo saía às 6h da manhã e ainda fazia escala em Atenas, por isso chegamos em Istambul já na metade da tarde. Depois de descansar um pouco, saímos para jantar e fazer o reconhecimento da área.

Nosso hotel ficava na região de Sultanahmet. Dali era possível ir a pé a todas as atrações que mais me interessavam: Mesquita Azul, Santa Sofia, Grande Bazar, Cisterna da Basílica, Hipódromo e Palácio Topkapi. Se minha curta estada em Istambul me permitisse ver tudo isso, já me daria por muito satisfeita.

Teríamos três dias e meio em Istambul, não contando com o dia da chegada. Dois dias e meio seriam só na volta da viagem pelo interior da Turquia.

Então, depois de descansarmos um pouco no dia da chegada, acordamos cheios de disposição no dia seguinte e fomos caminhando até a Basílica Santa Sofia.

Ir a pé aos lugares é a melhor forma de conhecer uma cidade. E Istambul é incrível. Andava com o guia na mão e parecia que tudo o que eu via estava nele! Pontos turísticos ou históricos para todo lado!

Cruzamos a praça Beyazit, passando em frente ao magnífico portão da Universidade da Turquia.




Em frente, fica a Mesquita de Beyazit.


Andamos mais um pouco e logo chegamos à Praça Sultanahmet. Ali perto, vimos uma pilastra com uma placa. Bom, como nada aqui é apenas o que parece ser, a pilastra é tudo que sobrou do “Million”, um arco triunfal, a partir de onde eram medidas as distâncias das estradas de todo o Império Bizantino, datada do século IV d.C.



Antes de entrar na Basílica Santa Sofia, demos uma volta ao seu redor. Logo atrás dela, fica o Palácio Topkapi. Para chegar nele, basta passar por esta porta imperial.


Na frente da porta, fica uma fonte turca lindíssima.


A fonte se chama Ahmet III, construída em 1728. O mais interessante nas fontes turcas é que elas não jorram água como as nossas. São verdadeiras bicas para que as pessoas possam mesmo beber água.



Continuando a caminhada, bem perto da tal porta imperial, vimos casas de madeira construídas grudadas na parte externa do muro do Palácio Topkapi. Ficam numa viela estreita, chamada de Sogukçesme Sokagi (“a rua da fonte fria”). Foram construídas no século XVIII e reformadas na década de 80. O nome se originou de uma fonte que foi descoberta aqui na época do Sultão Selim III (por volta de 1800).

Gosto muito deste balcão, tipicamente turco, que eles chamam de çikma. Não dá um charme?


Completamos nossa volta e, então, entramos na Santa Sofia (20 liras a entrada). Demos de cara com o aviso de audioguia. Oba!!! Com audioguia demoramos mais para ver cada atração, mas curtimos e aprendemos muito mais também.

A Santa Sofia ou igreja da “Santa Sabedoria” tem mais de mil e quatrocentos anos. Foi construída pelo imperador Justianiano em 537 d.C.. É da época em que Istambul se chamava Constantinopla e era a capital do Império Bizantino (também conhecido por Império Romano do Oriente). Teria sido a primeira igreja cristã do Império Romano do Oriente.


No século XV, o Império Otomano conquistou Constantinopla e transformou a Santa Sofia em uma mesquita. Para isso, precisaram fazer várias transformações em sua arquitetura, como, por exemplo, a construção de minaretes e fontes para as abluções (usadas para o ritual de limpeza antes das preces).





Fonte das Abluções:


Hoje em dia, embora ainda seja considerada como mesquita, não é mais utilizada como tal, apenas como museu.

Quando entrei, fiquei confusa com a mistura das arquiteturas, tentando entender o que seria originalmente da igreja ou da mesquita.

Para tornar mesquita, algumas construções foram fundamentais. Por exemplo, o mihrab (nicho que indica a direção de Meca)


e o balcão do Sultão


Há, ainda, oito placas redondas de madeira com inscrições caligráficas penduradas na nave, onde estão escritos os nomes de Alá, Maomé, dos quatro primeiros califas e de dois netos de Maomé. Na foto, é possível ver três.


Alguns mosaicos da época em que era igreja foram cobertos por tinta pelos Otomanos e, agora, alguns estão redescobertos. Esta foto ilustra bem isso.


Aqui, só vemos pintura.


São muitos mosaicos interessantes, porém a maioria, infelizmente, não está completa. Como este abaixo:


O que eu mais gostei foi esse:


Ele representa a Virgem Maria, com Jesus no colo, entre os dois maiores imperadores do Império Bizantino: à direita está Constantino com um modelo da nova cidade de Constantinopla e, a sua direita, está Justiniano, com um modelo da nova igreja Santa Sofia. O mosaico seria do século X d.C.

Do lado de fora, além da fonte, havia mais bicas para o ritual da ablução. Ah! E um gatinho sapeca doido por um carinho...


Saímos da Santa Sofia e demos de cara com a Mesquita Azul.


A Praça Sultanahmet é muito bonita. Fica entre estes dois prédios incríveis, com um belo chafariz no meio.

Depois, fomos ver o local onde ficava o hipódromo e, hoje, é uma praça. Não há praticamente nada do hipódromo, mas pelo formato da praça dá para acreditar que houve um hipódromo ali. Foi construído por Sétimo Severo, no século III d.C. (período bizantino), e ampliado por Constantino. Só sobraram mesmo três monumentos daquela época.

O primeiro é um Obelisco Egípcio, construído em 1500 a.C., que ficava em Luxor antes de ser levado para lá por Constantino no século IV d.C.


A base na qual o obelisco se apoia foi feita nesta época (séc. IV) e representa o Imperador Teodósio I e a família assistindo a eventos no hipódromo.


Na foto acima, o Imperador segura a coroa de louros para dar ao vencedor. Cada lado da base possui uma imagem diferente.

O segundo monumento é a Coluna de Serpentina, só que as serpentes não têm cabeças, foram destruídas por um nobre polonês bêbado, no século XVIII.

O terceiro monumento, de data incerta, é a Coluna de Constantino Porfirogeneta, em homenagem ao imperador que a restaurou. Também chamada de Coluna de Bronze, porque acredita-se que já foi coberta por este material.


Mas o que eu mais queria ver era o local onde ficavam os quatro cavalos que estão atualmente na Basílica de San Marco, em Veneza e que foram levados para lá quando do saque à Constantinopla.

O que os cavalos tinham a ver com uma igreja eu não sei. Já com o hipódromo... Mas o lance era saquear e expor num lugar importante para mostrar poder.

Para minha frustração, há apenas um quiosque de informações para turistas onde seria o local original. Por maior que seja minha imaginação, não consegui encaixar os cavalos que vi em Veneza naquele espaço. Fiquei frustrada, mas... passa.

Por fim, fomos à cisterna da Basílica, que, felizmente, fica aberta até 20h. Aproveitamos o dia até o último minuto!

Que lugar incrível!!! E eles fizeram uma iluminação que valorizou muito o espaço.


Fazia um barulhinho de água pingando que criava um clima muito interessante. E eles, espertamente, puseram uma música clássica para tocar. Pena que não dá para reproduzir aqui!


A cisterna é de 532 d.C., feita no império de Justiniano. Não é incrível que os otomanos só tenham descoberto esta cisterna UM século depois da conquista? Eles começaram a achar estranho as pessoas colocando baldes em buracos e puxarem de volta água e até peixes!


São 336 colunas com mais de oito metros de altura. Andamos em cima de estruturas de madeira entre as pilastras.


Em um canto, vêem-se duas colunas cujas bases são cabeças de medusas. Uma prova de que a cisterna foi construída à base de muitos saques. Uma está de cabeça para baixo.


E outra está de lado.


Depois deste dia longo (deu para ver pelo tamanho do post, né?), fomos preparar as malas para nossa viagem de ônibus, de seis dias, pelo interior da Turquia. Inté!

9 comments :

  1. Muito fera o texto e as fotos, em especial a foto do gato e das igrejas! Gostei muito!

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  2. Valeu! A foto do gatinho é do Bruno. Vou falar pra ele que vai ficar todo prosa! Rsrsrs

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  3. Oie! Passei também para conferir o blog e estou gostando muito!

    Textos bem completos e interessantes e belas fotos sempre fazem de um blog de viagem algo bem interessante!

    Ainda vou conferir mais um pouco, tentando aprender também um pouco mais sobre o teu Top10!!!

    PAZ! Michel
    www.rodandopelomundo.com

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  4. Delicioso seu relato. Você colocou em palavras o que eu não consegui, ainda. Pra mim foi uma coisa muito espiritual, não consegui assimilar ainda direito.
    Porém o que dizem é verdade: Istambul não sai mais de dentro da gente.

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  5. Michel, valeu pelos comentários! Vamos trocar mta ideia ainda, c/ certeza!

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  6. Oi Marcie,
    obrigada! Passamos mais alguns dias em Istambul, mas no final da viagem. Posso dizer que toda a Turquia não vai sair mais de mim, mas especialmente a Capadócia e Istambul.

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  7. Os otomanos levaram 1 ano para descobrir a cisterna? Achei isso incrível!

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