27.10.10

Depois da noite no show turco, acordar foi algo bem complicado. Mais complicado ainda foi me manter acordada no trecho que o ônibus fez do hotel até a primeira atração do dia. Uma pena, pois perdi parte da explicação que a guia deu dentro do ônibus sobre as formações rochosas da Capadócia. Bom, ainda bem que o Bruno ficou acordado e me passou as informações.

A Capadócia se situa na região da Anatólia Central. Em persa, Capadócia quer dizer “terra de belos cavalos” e, nos tempos da Roma Antiga, cavalos desta região valiam muito, recebendo até um imposto especial sobre sua venda.

Entretanto, o que chama a atenção na Capadócia não tem nada a ver com a origem de seu nome e, sim, com suas incríveis formações rochosas, que são de cerca de trinta milhões de anos, quando vulcões ativos cobriram a região de cinzas. Esta localidade fica exatamente no limite entre duas placas tectônicas, o que explica a existência de uma cadeia de vulcões, hoje já extintos. Porém, foi a explosão destes vulcões que fez surgir este solo de fácil erosão, chamado “tufa” e recoberto, em alguns pontos, por camadas de rocha vulcânica dura.

Em trinta milhões de anos, obviamente que vários tipos de erosão atuaram (vento e água, por exemplo), sem contar a ação climática (mudanças de temperatura), afetando o solo com bastante intensidade e criando as chamadas “chaminés das fadas” (no próximo post explico melhor).

O primeiro passeio do dia foi ao “Museu A Céu Aberto de Göreme”, declarado patrimônio mundial pela UNESCO. O vale de Göreme é onde está localizada a maior concentração de mosteiros e igrejas escavadas na pedra da região da Capadócia. Segundo a guia, são mais de trinta, construídas a partir do século IX, diretamente na “tufa”. Como a “tufa” é um material vulcânico de facílima erosão, acabou ocasionando essas formações rochosas, que, para mim, pareceram “castelos de areia”.

E, obviamente, por ser a “tufa” um material macio, era fácil de ser escavada. E, então, os habitantes da Capadócia, provavelmente, acharam muito mais simples morar nas rochas que construir casas. No vale do Göreme, entretanto, ficam apenas mosteiros e igrejas.







É incrível como eles pintaram afrescos magníficos nos tetos e paredes das igrejas.





Alguns afrescos não são muito bonitos, são meio tosquinhos (rsrsrs).





E outros são só simples.







Vimos várias pinturas de São Jorge. Na cabeça, ecoava a música do Jorge Benjor: Jorge da Capadócia.

Na minha doce ignorância, eu não sabia que São Jorge havia nascido aqui. Segundo conta a tradição, São Jorge nasceu na Capadócia, no ano de 275, mas, ainda criança, mudou-se para a Palestina. Adolescente, entrou para a carreira militar e chegou a Capitão do Império Romano. Entretanto, converteu-se ao cristianismo, recusando-se a perseguir e matar cristãos. Por conta disso, acabou torturado e morto pelo Império Romano. Embora São Jorge seja popularíssimo em vários países, na terra em que nasceu, ele não faz o menor sucesso...




Dali, fomos para a vila de Üçhisar. A palavra Üçhisar, em turco, quer dizer “três fortalezas”. Paramos, na verdade, numa espécie de mirante, onde tinha um pequeno comércio. Lá do alto, dava para ter uma excelente vista de Üçhisar e suas casas escavadas nas montanhas de tufas. Algumas são habitadas até hoje.







A atração mais famosa da cidade é sua fortaleza. Na foto, aparece lá no fundo.




Está em cima de um rochedo de 1300m de altitude. Foi usada como refúgio pelos hititas (cerca de 1500 a.C.), pelos primeiros cristãos (na época romana) e pelos bizantinos, durante as incursões árabes nos séculos VII e VIII. Infelizmente, não fomos até lá conhecê-la (mais um motivo para voltar à Capadócia).

Depois de apreciarmos a paisagem, fomos dar uma olhada nas lembrancinhas do pequeno comércio. O dervixe rodopiante é o campeão das prateleiras. E é muito lindo mesmo!




Para finalizar a manhã, paramos numa joalheria. Vimos um pouco de como as jóias são feitas e, em especial, sobre a pedra turquesa. Para minha alegria, ela é azul! Claro, saí de lá com um anelzinho com pedras turquesas.

Bom, a parte da tarde virá no próximo post com as “chaminés de fada” em Ürgup e a cidade subterrânea de Ozkonak, para não cansar tanto vocês! Até!

14 comments :

  1. Aprendendo muito com vocês, perrengueiros. Muito legal o post.

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  2. Que bom que gostou. O da tarde tá quase pronto. O dia foi intenso!!! Bjs.

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  3. Já não aparecia por aqui há algum tempo. AMEEEEIII as novidades e, como devota de São Jorge não posso deixar de registrar o carinho com que vi e li as informações sobre Capadócia. Salve Jorge, que ele proteja todos nós.

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  4. Senti falta do perrengue, foi tudo certinho dessa vez! uhahauhauhuha fotos IRADAS!!! Esse lugar parece mesmo ser alucinante!!

    As construções são mesmo surreais.. e agora quero só ver a música do Benjor sair da minha cabeça! :P

    Abs e bom fds pra vcs!! Michel
    www.rodandopelomundo.com

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  5. Seu post nos deixou sem palavras! Excelente!

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  6. Michel, a guia parecia 1 sargentão!Acho que por isso os perrengues diminuíram consideravelmente!!! Tb fiquei cantando a música um tempão... Adoro os seus comentários. Muito obrigada!

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  7. Obrigada Werocktour! Que bom que vcs gostaram! Abçs!

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  8. Amei o post! Vontade de viajar...rs

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  9. Michel, as fotos das pinturas nas paredes foram as mais difíceis de tirar, pois é proibido... mas como ficar sem mostrar a todos como o famoso Jorge da Capadócia era retratado. Obs: tirei sem flash pois sei que isso é o que estraga as pinturas. :-)

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  10. Inaceitável uma perrengueira dormir durante uma viagem fantástica e repleta de curiosidades. rs.. Achei interessante as formações rochosas e a escavação de igrejas e mosteiros. Não gostei de saber q o Jorge por lá não dá ibope. Coitado!! É muito legal 'viajar' com vcs por aqui. As fotos são lindas.

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  11. Eu sei, eu sei... mas eu sou mto dorminhoca, né? Prima-irmã de Macunaíma... Rsrsrs. Tb fiquei chateada q ninguém lá se interessa por são Jorge. Mto estranho. Obrigada pelos comentários! Bjks.

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  12. Oi Luciene, esse passeio ao museu aberto é feito só com guias ou pode ser feito por conta própria? Abraços, obrigado

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  13. Oi Rafael, não sei te dizer... Nós estávamos com guia, então não reparei...

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