27.10.10


Depois de um almoço mequetrefe – aliás, como todos dessa “excursão” – fomos conhecer as famosas “chaminés de fada”, em Ürgup.

Como prometido no último post, vocês agora vão entender do que eu estava falando e, espero, que se encantem como eu! “Chaminés de fada” foi o nome dado pelos primeiros habitantes da Capadócia às formações rochosas que aparecem na foto abaixo.




Estes caras não deram o nome só porque achavam a formação rochosa parecida com chaminés, mas porque realmente acreditavam que fadas moravam embaixo da terra e que estas eram as chaminés das casas delas. Que viagem, hein?

Mas dá para “viajar” muito olhando a paisagem... Estas formações rochosas liberam a nossa imaginação: algumas parecem cogumelos, outras símbolos fálicos e até mesmo parecem desafiar a gravidade!








Aqui, dá para compreender melhor as explicações do último post sobre o solo vulcânico, com sua parte mais rígida em cima e mais macia no interior. De fato, quando olhamos para as chaminés, vemos nitidamente a parte rochosa mais dura em seu topo e dá para imaginar perfeitamente que lá em cima (as “chaminés” alcançam até 40m de altura) ficava o solo há trinta milhões de anos, quando os vulcões explodiram e cobriram a área. A parte externa, superior, era mais rígida, como a cobertura de um bolo, e seu interior macio. Quando a “cobertura” foi rachando com a ação das chuvas e dos ventos, permitiu a entrada destes na parte macia do solo, que foi se desmanchando. E, tantos milhões de anos depois, aí está esta maravilha da natureza, né não?










De lá, fomos para a atração mais interessante, na minha opinião: a cidade subterrânea de Ozkonak.

Na Capadócia, existem diversas cidades subterrâneas. É a maior região troglodita do mundo! Ok, eu também achava que “troglodita” era um xingamento. Mas, aqui, descobri que troglodita significa apenas “aquele que habita cavernas ou escavações em rochas”.




A região da Anatólia Central, onde fica a Capadócia, sempre foi muito disputada pelos povos, pois fica numa posição estratégica entre o Ocidente e o Oriente. Já foi dominada, entre outros, pelos hititas, frígios, lídios, persas, helênicos, romanos, bizantinos e otomanos. Em suas fugas, o povo local acabou descobrindo uma excelente maneira de se esconder do conquistador: morar embaixo da terra!

Perceberam que o solo poroso facilitava a escavação e, assim, foram cavando túneis e acabaram formando verdadeiras cidades embaixo da terra, com vários andares e interligadas. Os arqueólogos já descobriram trinta e seis cidades e ainda tem muito a descobrir!




Sabe o que me deixou mais encasquetada? Por que estas pessoas não utilizaram estas cidades subterrâneas apenas como esconderijos contra os inimigos? Por que resolveram habitar cidades com pouco ar e escuras? Acredito que tenha sido a forma que arrumaram de manter seus costumes, crenças e evitar o extermínio de seu próprio povo.

Essas cidades tinham aposentos privados, estábulos e até igrejas! Aliás, os cristãos, com sua “religião proibida”, esconderam-se durante dez séculos nos subterrâneos da Capadócia.




Na cidade que nós visitamos – Ozkonak – foram descobertos dez andares, numa profundidade de até 40 metros. Entretanto, somente quatro estão abertos ao público. Estima-se que viveram aqui em torno de seiscentas mil pessoas.

A nossa guia desceu com a gente e fez uma explicação meteórica, largando-nos lá por um tempo para que explorássemos o local sozinhos. Como se não bastasse ter medo de altura, Zélia é claustrofóbica! Que figura! A coitada foi ficando pálida e eu não sabia se prestava atenção na explicação ou na falta de cor dela...

No primeiro andar, o mais perto do solo, havia algumas aberturas para a superfície, ajudando na ventilação e na descida de alimentos.




Pesadas pedras redondas, encaixadas na parede, eram verdadeiras portas, que podiam deslizar, selando a passagem para os inimigos.




Imaginem-se só: escorregando esta pedra, na escuridão total e em corredores estreitos, os inimigos deviam achar que era realmente o fim do “túnel”.




Não sei até que ano pessoas viveram em cidades subterrâneas, mas, em cavernas nas rochas, habitaram até a década de 1980. Incrível, não?

E, para terminar este dia superlongo, fomos a uma fábrica de tapetes, que era, na verdade, uma cooperativa do governo. O mais legal foi ver como os tapetes são feitos. Vimos todo o processo, desde a extração da seda!
Olha só os casulos do bicho-da-seda:







O processo de tecelagem consiste, inicialmente, no mergulho do casulo em água quente para liberar os fios e para matar a larva do bicho-da-seda.








Olha o que sobra do casulo depois de recolher o fio:






De cada casulo resulta apenas um longo fio da seda, de até 1000 metros.






É impressionante, também, a forma com que são feitos os tapetes. Feitos por pessoas - e não por máquinas - um a um!







É um trabalho manual incrível, o que faz com que nunca haja uma peça exatamente igual à outra.












E, para fechar o “espetáculo dos tapetes”, chegou a hora da exposição deles prontos, seguida de tentativa de venda, obviamente.




Cada um mais lindo que o outro.





Pergunta se eu resisti? Logo eu, superconsumista, e Bruno, surpreendentemente, me incentivando!!! Claro que comprei, depois de negociar muito o preço.

Para ficar mais barato, resolvemos levar o tapete conosco ao invés de deixá-los despachar. Valeu a pena! E ainda ganhamos a mala!

E assim acabou esse dia bastante intenso e um dos dias mais incríveis da viagem. Preparem-se: no próximo post, o Perrengueiro vai nos contar sobre a viagem de balão na Capadócia. Até!



14 comments :

  1. Lindo demais!!!!! E tu nao resistiu ao tapete foi? heheheh

    ResponderExcluir
  2. Vá mesmoRenata, vc não vai se arrepender!!! É incrível! Bjs.

    ResponderExcluir
  3. Putz, Cláudia... Não deu pra resistir. Comprei 2: 1 grande e outro pequeno. Acredita que ainda ganhei outro pequeno (de por do lado da cama) de brinde? Hehehe

    ResponderExcluir
  4. Que lugar maravilhoso!
    E vc descreveu tudo de uma maneira que consegui ir com vc nesse subterrâneo!
    Adoro isso! Isso é a minha cara!!
    Como disse a Renata Luppi: Preciso ir à Turquia!

    ResponderExcluir
  5. Adorei! Maravilhosos os suspiros gigantes! Ou seriam merengues? Gulosa, eu acabei imaginando doce, claro! rs
    Lindos os casulos de bicho-da-seda.
    Sensacionais as cavernas. Que história!
    Valeu por repartir tudo conosco.
    Bjs

    ResponderExcluir
  6. Beta, obrigada! Fiquei feliz de saber que vc conseguiu viajar junto comigo! Eu aconselho essa viagem p/ todo mundo!

    ResponderExcluir
  7. Essa é minha irmã! Rsrsrs. Suspiros gigantes? Adorei! Valeu! Bjs!

    ResponderExcluir
  8. É um lugar que me fascina muito, mas ainda não fui! O problema de visitar o blog de vcs é que é sempre tão completo e interessante que fico aqui babando com vontade de ir!! :D

    Bom, quem sabe um dia vou tomar um chá de cogumelo no meio das chaminés de fada!! auhaauhhuauhahua

    Cuida bem do tapete aí, viu! É chiqueza pura!!

    Abração e mta paz!
    Michel
    www.rodandopelomundo.com

    ResponderExcluir
  9. Valeu, Michel! Adoro seus comentários! São sempre muito aguardados! Bjs e paz pra vc tb! Lu.

    ResponderExcluir
  10. Eu queria muito comer uma comida mequetrefe e poder usufruir dessa linda viagem. Mostrei para alguna amigos q estavam aqui em casa e eles ficaram encantados com o trabalho manual desses tapetes. Perrenguete, ainda viajarei muitas vezes com vc por aqui.

    ResponderExcluir
  11. Valeu! Ainda vamos viajar muito juntas! Bjs.

    ResponderExcluir
  12. Lu,

    Estou indo para Turquia e Grecia em Abril. Quanto tempo vcs ficaram viajando.
    Esta excursão para capadocia vc fecharam em istambul?
    Preciso de dicas!!

    Adorando o blog de vcs!

    abs Roberta

    ResponderExcluir
  13. Oi Roberta! Obrigada! Ficamos muito felizes!!! Olha, a parte da Grécia fizemos tudo por conta própria. Já a Turquia fechamos o pacote aqui (com exceção de Istambul, onde também ficamos por conta própria). Ficamos com medo de viajar pelo interior da Turquia sem uma pessoa que falasse a língua. Mas eu acho que nem seria tão complicado assim, embora realmente não falem uma palavra de inglês nas cidades do interior. Nós viajamos 20 e poucos dias no total. Qualquer coisa, só falar! Tenho tudo guardado. Mas, aqui pelo blog, já dá para ver até mesmo quantos dias ficamos, porque é um verdadeiro diário de bordo. Tem dia-a-dia da viagem! Bjs, Lu.

    ResponderExcluir